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Viver

  • Paula Vifre
  • 13 de out. de 2017
  • 1 min de leitura


Aquele verão era diferente de todos os outros que ela tinha vivido. Dessa vez, não queria sair como fazia todas as tardes para tomar chá com as amigas. Ela queria ficar sozinha. Fazer coisas que na verdade parecem pequenas, mas no fundo são tão significativas. Sim, ela não queria mais viver em excesso. Só observar o que é belo.


Sentada em frente a janela. Enquanto pintava suas unhas de vinho. No qual, era a cor de seu sangue e de certa forma, queria mostrar para os outros que estava viva. Observava aquele pequeno passarinho. Sim, um passarinho. Que em vez de cantar para todos ouvirem. Resolveu cantar só para ela, naquela tarde tão calma e plena. Talvez por isso pensou que viver não é tomar chá todas as tardes e falar das madames que chegam ao porto. E sim, ficar ali. Sozinha, afogada em seus pensamentos e dores. E simplesmente, mesmo depois de estar sentindo tudo isso ainda sorrir. Sorrir porque um ser tão pequeno e belo resolveu cantar para ela naquela tarde. Isso sim era significativo. Isso sim era saber viver sem querer morrer amanhã.

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