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Esse não é mais um texto motivacional

  • pontoevirgulaconta
  • 4 de jan. de 2018
  • 3 min de leitura

O texto a seguir foi compartilhado por um jovem que recentemente foi diagnosticado com depressão, o mesmo é acompanhado por especialistas. "Não se preocupe, esse não é mais um texto que tenta conscientizar o quão mal a depressão tem causado. É apenas uma reflexão, não das pessoas ao nosso redor, mas sim nos mesmos. Confesso que já estou cansado, não é um cansaço físico, e não apenas mental, mas sim de tudo. É simples e normal acordar todos os dias, se olhar no espelho, e repetir que tudo vai dar certo e que isso é apenas uma fase, que logo mais tudo vai ficar bem e sua vida será linda e feliz igual nas propagandas. Mas chega um certo momento que é possível não apenas entender, mas sofrer junto com aqueles que tiram a própria vida. Nos preocupamos e tentamos encorajar uma mãe que perdeu o filho para o suicídio, juntos fazemos o máximo para compreender a dor daquela família que nunca mais poderá olhar o rosto de um jovem de apenas 17 anos. Mas e a dor dele? A dor dele foi menor, ou menos importante? É horrível parar para pesar que a dor e o sofrimento de uma pessoa se torna tão grande, que a única solução que encontrou foi tirar a própria vida. Não vou ligar se me julgarem, mas penso sim em tirar minha vida todos os dias, durmo com a esperança de não acordar, e acordo com a tristeza de abrir os olhos. É uma tristeza sem tamanho, em que ninguém intende, nem mesmo quem passa por esta mesma dor sabe como é, pelo simples motivo de que não tem tamanho nem comparação. Não tem como eu chegar para o meu amigo e medir quem é o mais triste, ou fazer uma aposta sobre quem vai se cansar primeiro e tirar a própria vida. Temos que entender que a vida não é um jogo, e não podemos recomeça-lo todas as vezes que estamos perdendo. A única semelhança que a nossa vida tem em comum a um jogo, é que ambos podemos parar quando quisermos. Recentemente assisti um filme chamado "Prayers for Bobby" (Rezando por Bobby), e nesse filme algo me chamou a atenção. Mary Griffith, a mãe de Bobby não se culpava por não estar junto ao filho para impedi-lo de cometer suicídio. Ela se culpava de não ter dado o carinho que o filho merecia, de te-lo julgado sem saber o mal que fazia impondo sua religião. Matando lentamente Bobby, cada versículo lido era um degrau que o jovem descia rumo a desilusão e ao desespero. Só existe um único motivo que faz com que eu não tire minha própria vida. E esse motivo não tem a ver com que minha mãe sempre disse que aconteceria se eu me matasse, não é pelo motivo de achar que meus amigos sentiriam minha falta. Por que por mais dolorosa que seja a perda de alguém, essa dor se esfriará, até que sobre apenas memórias vagas de um sorriso que um dia brilhou. O que me detêm a me matar é o medo, não de ir para o inferno, mas medo de mim, medo de achar que estou tomando a decisão errada, e essa indecisão só piora e aumenta o sofrimento de uma alma que clama por socorro. Só espero um dia poder sorrir de forma verdadeira, de alegria, ao invés de sorrir para evitar o desconforto dos outros."


 
 
 

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